O “Documento do Mês”, enquanto iniciativa de comunicação de ciência propõe, ao longo do ano de 2023, destacar mensalmente um documento representativo do Arquivo Histórico da Academia das Ciências de Lisboa. Com o objetivo de divulgar o património documental da Academia, reflete, portanto, a sua missão institucional em torno da promoção da investigação científica e do estudo da História de Portugal, contribuindo para a sociedade de informação e do conhecimento.
Em fase de organização e tratamento arquivístico, o acesso à documentação do Arquivo Histórico encontra-se condicionado, esta iniciativa de divulgação científica e cultural destaca-se pela disponibilização em acesso aberto e continuado dos conteúdos, desde a reprodução digital do documento, à sua transcrição e análise. Cada “Documento do Mês” será apresentado no sítio digital da ACL, bem como nas suas redes digitais e newsletter mensal.
Documento do mês de fevereiro
Carta da Académie des Inscriptions et Belles-Lettres (Institut Impérial de France) à Academia das Ciências de Lisboa, 11 de março de 1862
Carta manuscrita que testemunha a atividade de cooperação mantida entre organizações científicas na Europa oitocentista, dando conta de monografias oferecidas pela ACL e respetivos agradecimentos
A par da renovação do pensamento científico e filosófico, assistiu-se, nos séculos XVII e XVIII, à proliferação de academias e sociedades científicas, concomitantemente espaços de organização e institucionalização da ciência, e centros de legitimação sociocultural das classes média e alta. Como instituições de e para a elite, ser-lhes-ia reconhecida autonomia jurídica por via do patrocínio régio e da concessão de prerrogativas concretas – como o direito à autonomia estatutária e a deter imprensa própria –, servindo também de corporações de consultoria técnica dos governos que as promovessem. À imitação de todas as nações cultas, como designado no Plano de Estatutos de 1780, desde a sua fundação que a Academia das Ciências de Lisboa (ACL) empreendeu esforços no âmbito da produção e divulgação do conhecimento científico moderno, ou não fossem os seus principais impulsionadores membros ativos da Royal Society e da American Philosophical Society, como D. João Carlos de Bragança, 2.º Duque de Lafões (1719-1806), e o abade José Corrêa da Serra (1750-1823). Neste sentido, a atuação da ACL pautou-se pela criação de redes de contacto com instituições congéneres, que logo se tornaram suas correspondentes assíduas. Da extensa lista de academias e institutos científicos com que a ACL se correspondia, encontra-se a Académie des Inscriptions et Belles-Lettres, fundada em 1663 por Jean-Baptiste Colbert (1619-1683), e posteriormente integrada no Institut de France. O “Documento do Mês” de Fevereiro vem, assim, destacar um exemplar de correspondência manuscrita entre corpos científicos endereçada ao Secretário-Geral da ACL, à época José Maria Latino Coelho (1825-1891). Datada de 11 de março de 1862, esta carta confirma a receção e agradece as sete obras remetidas pela ACL no ano anterior, as quais teriam sido já apresentadas em assembleia e depositadas na biblioteca do Institut de France. Entre estas, destacam-se Annaes das Sciencias e Letras publicados debaixo dos auspícios da Academia Real das Sciencias de 1857 e 1858, e duas secções da emblemática Portugaliae Monumenta Historica, “Scriptores” e “Leges et Consuetudines”. O Fundo Geral do Arquivo Histórico da ACL conserva um número considerável de cartas provenientes de organizações científicas homólogas, com as quais ainda hoje se corresponde e troca obras publicadas. Nas últimas décadas, tal proximidade motivou a criação de associações interacadémicas para a cooperação internacional, das quais a ACL é membro. Arquivo Histórico da Academia das Ciências de Lisboa
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