O Instituto de Altos Estudos (IAE) da Academia das Ciências de Lisboa (ACL), no qual se integra o Instituto de Estudos Académicos para Seniores (IEAS), foi criado em 1931 por proposta do Sócio Efetivo da Classe de Letras, Moses Bensabat Amzalak, apresentada na sessão plenária de 4 de junho, por se sentir a necessidade de fazer progredir a investigação científica em Portugal, iniciativa que mereceu imediato apoio do então presidente Júlio Dantas.
Na altura, “a ACL sentiu a necessidade de criar cursos livres que, a par com as Universidades, permitisse a coexistência de ensino pós-universitário e supra-universitário cujo único objetivo era fazer progredir a ciência através de estudos e investigações pessoais”.
Estes cursos eram professados por académicos ou por personalidades convidadas de reconhecido mérito, externas à ACL (regulamento IAE, art. 2º).
O programa de cursos livres foi iniciado no ano académico de 1931-1932, com uma lição proferida a 5 de dezembro de 1931, no Salão Nobre da ACL, por Joaquim de Carvalho sobre a obra de Spinoza, a qual teve considerável impacto na vida intelectual do país.
Entre 1931 e 1978, no âmbito do Instituto de Altos Estudos, foram organizadas com alguma regularidade, conferências versando temáticas muito diversas, nomeadamente:- agricultura, ciências jurídicas e administrativas, direito, economia, filosofia, história, literatura, matemática e relações internacionais em que participaram sócios efectivos e correspondentes, e cientistas não académicos de destaque nacional e internacional, como era lema do IEA. Entre 1979 e 2008, o IEA, por razões desconhecidas, deixou de ter um programa regular de conferências, tendo, ao que pudemos apurar, ocorrido 2 ou 3 colóquios nas áreas das ciências e das humanidades.
Em 2008, Adriano Moreira é eleito presidente do Instituto de Altos Estudos. Como Presidente, imprime ao Instituto de Altos Estudos uma nova dinâmica na qual se integram, como no passado, conferências e colóquios sobre temáticas das mais variadas áreas das humanidades e das ciências exatas e naturais, proferidas e organizadas por académicos e cientistas de renome internacional.
Adriano Moreira, sempre atento aos fenómenos políticos e sociológicos no mundo globalizado do século XXI e, em particular no seu país, conhecedor da necessidade de dar resposta às novas exigências de articulação das gerações, num movimento dinamizador do IAE criou, em 2010, o Instituto de Estudos Académicos para Seniores (IEAS) com o objetivo de corresponder à necessidade de adaptação contínua dos idosos às mudanças aceleradas da época atual em que os media e a internet aceleram a capacidade de interação e de diálogo. Pouco depois, Adriano Moreira criava, também, o Seminário de Jovens Cientistas.
Ao criar o Instituto de Estudos Académicos para Seniores, Adriano Moreira assegura aos seniores (maiores de 50 anos) uma ligação com o avanço da sociedade da informação e do saber, permitindo que tal grupo se mantenha ativo e participante no acompanhamento dos avanços científicos e tecnológicos, e das mudanças culturais que exigem compreensão inter-geracional.
Assim, a Academia das Ciências de Lisboa, através do IEAS, assume, tal como outras congéneres a nível mundial, um dever cívico ao intervir nesta área tão desafiante da evolução do saber e das exigências de articulação geracional, o que implica uma definição de trabalho, sujeito a experiência, que esteja de acordo com a sua especificidade institucional.
O primeiro curso do IEAS teve início em outubro de 2010. É particularmente importante salientar o extraordinário contributo de Adriano Moreira na apresentação e discussão de temáticas de enorme atualidade e interesse nacional e internacional. As cerca de 200 conferências e cinco seminários em áreas que vão da cidadania à governança, passando pela biologia, saúde, e ambiente, de entre outras, proferidas, nos anos passados, por personalidades de grande mérito que, apesar das carregadas agendas têm generosamente, dado ao IEAS a sua colaboração, permitiu aos maiores de 50 anos e aos mais jovens, uma verdadeira oportunidade de valorização sem constrangimentos económicos ou de qualquer ordem. Tal movimento tem igualmente permitido que a ACL tenha vindo a contribuir, de maneira regular, para a divulgação da cultura artística através de concertos ou outras atividades culturais.
Chegou a altura de reconhecer a extraordinária visão estratégica de Adriano Moreira e o seu empenho na vivência e na consolidação desta iniciativa, pelo que o IEAS decidiu prestar-lhe homenagem, materializada na nova designação deste Instituto como: Instituto de Estudos Académicos para Seniores Adriano Moreira.
Maria Salomé Pais
Diretora do Instituto Adriano Moreira