RESUMO
Bartolomeu do Quental (1626-1698) tornou-se sobretudo conhecido pela Congregação do Oratório que fundou em Portugal, em 1668. Natural dos Fenais da Luz, povoação próxima de Ponta Delgada, saiu para o reino, aos 17 anos, a fim de tomar estudos que o preparassem para o sacerdócio. Ingressou na Universidade de Évora, doutorando-se em Filosofia, em 1647, e obteve depois o grau de mestre em Teologia. Foi ordenado presbítero, em 1652, e, dois anos mais tarde, foi nomeado pregador da capela real, capelão e confessor do paço.
Os Sermões, em 2 volumes, foram pregados na capela real, na grande maioria. Neles sobressai a importância de conduzir a relação com os outros segundo critérios de justiça e se explica como esta exigência depende da posição social de cada um e das funções que desempenha. Ao longo dos sermões, são frequentes as denúncias de jogos de influência na distribuição dos cargos públicos, de falta de equidade na administração da justiça, castigando os fracos e protegendo os poderosos, de ocultação da verdade pelo medo de se perder o lugar, de corrupção dos serviços da corte que exploram quem a eles recorre.
A oratória tem a preocupação de vencer a indiferença dos ouvintes, tornando a argumentação discursiva atrativa por meio de uma certa intensidade dramática. É papel do pregador fazer nascer nas pessoas a descrença no valor dum mundo ilusório e enganador, e colocar o auditório perante o cenário duma realidade mais recuada que o deverá mobilizar. Há que prender a atenção do público e colocar ao seu dispor exemplos e esquemas práticos de atuação que o façam mudar de vida.