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Sessão da Classe de Letras — João Abel da Fonseca
   28 de Março - 15 horas
"O humor em Camões"

“Humor em Camões”

João Abel da Fonseca (Sócio correspondente da Classe de Letras)

                                                                                                                                                  

                                                                                                                               In Memoriam Justino Mendes de Almeida,

                                                                                                                               Mestre, Confrade e Amigo a quem muito devemos

RESUMO

O saudoso Professor Doutor Justino Mendes de Almeida apresentou uma comunicação na Secção ‘Luís de Camões’ da Sociedade de Geografia de Lisboa, na sessão de 26 de Outubro de 2007, intitulada “Humorismo camoniano”. Na altura, fez distribuir pelos auditores da referida sessão um pequeno caderno em que se encontravam os trechos por si compilados, com vista ao melhor acompanhamento da conferência. Tinha entre mãos uns apontamentos que orientaram a apresentação, tanto quanto nos foi dado saber, já que, nesse dia, não nos encontrávamos na assistência. Prometeu entregar o texto para publicação no Boletim da SGL, mas a doença que em breve o acometeu não permitiu que a ele viesse a dedicar-se. Porventura, algo haverá no seu espólio, o que não nos foi possível, por enquanto, apurar. Entrámos, recentemente, na posse de uma cópia desse caderninho pela gentileza do actual Presidente da Secção ‘Luís de Camões', o Prof. Doutor Armando Tavares da Silva, a quem expressamos um grato reconhecimento.

Volvidos quase doze anos, e tendo partido, entretanto, do nosso convívio, face à solicitação que nos foi endereçada, no sentido de apresentarmos uma comunicação no âmbito das sessões académicas da Classe de Letras, logo nos lembrámos de poder homenagear o eminente académico, dando a conhecer, não o estudo por si realizado, fruto do seu muito saber como camonista consagrado, já que, como referimos atrás, dele nada nos chegou, mas tão-só partilhar a recolha sobre que dissertou, tentando discorrer sobre os trechos seleccionados. Esperamos não defraudar as expectativas do douto auditório, nem macular a memória do Mestre, do Confrade e do Amigo a quem muito devemos. Respeitaremos a ordem por si escolhida, quiçá, tentando encontrar um qualquer fio condutor. Convém, desde já, alertar para o facto de que este humor encontrado não suscitará o chamado riso a bandeiras despregadas, mas antes um sorriso face a situações caricatas, a insinuações ou a alusões veladas em que o Poeta usa a ironia, o sarcasmo e outras figuras de estilo ou de linguagem para descrever enredos de forma inteligente e nobre.

Encontrámos, outrossim, em alguns casos, o humor associado ao erotismo e permitimo-nos sublinhar uma passagem da excelente síntese de João de Aguiar, que também escreveu sobre o humor em Camões n’Os Lusíadas: “O humor sorri apenas; e o erotismo apenas sugere. Deixa entender mais do que afirma, entreabre portas sem as escancarar”. Faremos, assim, como que uma visita guiada ao itinerário do sorriso através de uma leitura acompanhada que contextualiza alguns episódios através do seu enquadramento na História. Justino Mendes de Almeida seleccionou vinte e seis trechos, abrangendo na obra do Poeta, para além d’Os Lusíadas, os autos, os sonetos, as cantigas, as trovas, as respostas, as esparsas e as cartas, contemplados no aludido caderninho de catorze páginas. Se aqui e agora os trouxéssemos todos, só amanhã, por esta hora, estaríamos a terminar. Deixaremos apontamentos, tão-só, sobre dez desses trechos, reservando o restante, quiçá, para um futuro próximo em que a oportunidade o venha a suscitar.

Com as minhas melhores saudações,

João Abel da Fonseca