Resumo: Baseando-me nos romances de VGM, sublinharei os seus dotes de ficcionista em prosa: na construção de uma intriga coesa mas surpreendente, na sugestão de caracteres humanos do viver comum em épocas diferenciadas da História de Portugal e, em particular, no delineamento perfeito da frase, a qual acentua a sua fidelidade à herança dos clássicos. Como traço distintivo da sua organização do romance, sublinharei uma muito pessoal capacidade de proceder à junção de lances trágicos com situações de inesperada comicidade, o que torna a sua leitura refém da curiosidade do leitor, apresentando-lhe, por outro lado, episódios característicos do romance histórico, bem como cenas, quase teatrais, de vidas humanas sujeitas a modos de época, por vezes em lances dramáticos ou até trágicos, que não raro se resolvem de modo inesperadamente divertido: num misto de choro e riso proposto por alguns dos melhores clássicos, que nunca atinge o chocarreiro mas não raro alcança os seus limites.
A sua temática, quase sempre de teor contemporâneo, surge porém comunicada nos moldes da efabulação clássica, de Balzac e de Flaubert, adoptando porém, na prosa de VGM, modos de enunciação que aliam a estabilidade verbal a estilos ousados do viver contemporâneo.