Resumo: Uma História da Psicologia em Portugal está ainda por escrever. Este facto é revelador da pouca atenção ou do menor apreço que os psicólogos portugueses têm dedicado à análise e avaliação de contribuições importantes de estudiosos, investigadores, académicos e até mesmo profissionais de diversas áreas de intervenção prática para a consolidação e expansão da Psicologia no nosso país.
É certo que temos estudos parcelares sobre alguns autores, estudiosos e investigadores relevantes, e sobre a influência de publicações ou criações suas, mas não temos monografias sobre cada um deles e falta-nos um trabalho de conjunto suficientemente amplo em termos de horizonte temporal.
É nosso propósito promover a “tomada de consciência” dessa lacuna e revisitar o artigo que Sílvio Lima (1904-1993) publicou intitulado “A Psicologia em Portugal” no volume de 1949 da revista Biblos. Este artigo constitui uma sinopse ou “esboço-guia” imprescindível para a organização futura de uma história da psicologia em Portugal. Sílvio Lima reconheceu implicitamente a necessidade de uma obra de maior envergadura, mas não lhe foi possível dispor de uma equipa de investigadores indispensável à execução do empreendimento. Além da proposta de três períodos bem diferenciados pelas características e protagonistas de cada um, Sílvio Lima teceu considerações sobre tendências transversais a todos eles. O caminho apontado por Sílvio Lima não foi até agora retomado. É por isso plenamente justificado submetê-lo a uma avaliação crítica que permita identificar tópicos da sua actualidade, sinalizar eventuais limitações e incentivar a sua continuidade e expansão.