1. Comunicação do académico Senhor José Esteves Pereira, intitulada A teorização política liberal de Silvestre Pinheiro Ferreira (1769-1846). Nos 250 anos do seu nascimento.
Resumo: Silvestre Pinheiro Ferreira (1769-1846), publicista e filósofo, não obstante ter desempenhado cargos de Estado, quer na Corte de Portugal no Brasil, quer durante o vintismo foi mais um teorizador do que um agente político. No entanto, a vasta experiência europeia desde a atividade diplomática e negocial em Berlim, nos princípios do século XIX, até à observação privilegiada que teve dos acontecimentos durante o exílio voluntário na França, entre 1825 a 1842, onde granjeou reconhecimento internacional, permitiram-lhe elaborar uma obra das mais significativas sobre a realidade político-constitucional da primeira metade de Oitocentos. Pensador estruturalmente liberal encontramos em Silvestre Pinheiro Ferreira afinidades com Benjamin Constant (1767-1830) estando bem presente na sua argumentação a conciliação entre ordem e liberdade no clima político e social posterior a 1815. O equilíbrio do democratismo com a autoridade, a harmonização da liberdade política com o “império” da lei, que o aproximam de Royer-Collard (1763-1845) ou a ideia de progresso integrador de fraturas sociais, como se verifica em François Guizot (1787-1874) serão desenvolvidas, em todo o caso, de modo próprio. Avesso ao voluntarismo político e ao contratualismo de tipo rousseauista, Silvestre Pinheiro Ferreira no âmbito da fundamentação utilitarista que é axial no seu pensamento filosófico apontaria, ainda, numa fase mais adiantada da vida, para soluções que permitissem harmonizar os interesses do capital versus situações sociais graves decorrentes do pauperismo crescente. Foi nesse sentido, também, que procurou fazer uma leitura social do problema económico apresentando propostas destinadas a diminuir a crise emergente tal como Eugène Buret (1810-1842) a expendeu em De la misère des classes laborieuses en France et en Angleterre (1840). Quanto ao pensamento económico de Pinheiro Ferreira de que cumpre destacar a docência parisiense tomando como referência didática J.R. McCulloch (1789-1864), embora dele discordando em muitos pontos, há que sublinhar o fundado otimismo bem expresso na análise crítica a que procede em torno das ideias de Thomas Malthus (1766-1834) sobre população e subsistências.
2. Comunicação do académico Senhor João Carlos Espada, intitulada Winston Churchill: Caminhando com o destino.
Resumo: Sob o título Churchill: Walking With Destiny, o distinto historiador britânico Andrew Roberts publicou em Outubro de 2018 a mais recente biografia de Winston Churchill, em um só volume (ainda que com mais de mil páginas). A obra tem sido elogiada por académicos, jornalistas e políticos dos mais diversos quadrantes. E, no curto período de um ano, já foi ou está a ser traduzida em 10 línguas. Em Portugal, acaba de ser publicada pela LeYa. O autor apresentou a versão portuguesa no passado dia 17 de Outubro no Palácio da Cidadela de Cascais, no âmbito da 5ª Palestra-Jantar Winston Churchill do Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica Portuguesa, com o Alto Patrocínio de S. Exa. O Presidente da República.
Na presente comunicação, procurarei passar em revista alguns dos aspectos centrais do livro de Andrew Roberts, com particular ênfase na caracterização pelo autor da personalidade e filosofia política de Winston Churchill. Roberts enfatiza certeiramente o ‘background’ aristocrático do jovem Winston e o sentido de independência e rebeldia dele decorrente. Em contrapartida, distingue esse sentimento aristocrático do vulgar snobismo, enfatizando o sentido de dever que Churchill nutria para com os mais desfavorecidos e a independente nação britânica como um todo. A rebeldia de Churchill e o seu sentido de dever ancoravam-se ainda na sua profunda admiração pela Civilização europeia e ocidental da Liberdade sob a Lei — no âmbito da qual ele via o Império Britânico, os povos de língua inglesa e a “relação especial” anglo-americana como parte integrante e também como garantes essenciais.