Comunicação do académico Senhor Abel da Fonseca, intitulada Camões e Gândavo – uma amizade que se cumpriu.
Resumo: Se bem que se desconheça quando e em que circunstâncias Luís de Camões se teria encontrado com Pero de Magalhães de Gândavo, tudo leva a supor que tal teria acontecido no reino, antes ou depois do período em que ambos se encontravam a servir na Índia.
Certo é que Gândavo, em 1574, na sua obra impressa em Lisboa na Oficina de António Gonçalves (o impressor d'Os Lusíadas, em 1572), intitulada Regras que ensinam a maneira de escrever e Orthographia da lingua Portuguesa: com hum Dialogo que a diante se segue em defensam da mesma lingua, escreve num trecho do "Diálogo" em apreço, na fala de Petrónio: "[...] Pois se no verso heroyco vos parece que a vossa lhe pode fazer ventagem: vede as obras do nosso famoso poeta Luis de Camões de cuja fama o tempo nunqua triumphará [...]".
Outrossim, na obra de Gândavo intitulada Historia da prouincia sãcta Cruz a qui' vulgarmete' chamamos Brasil, impressa em Lisboa, na mesma Oficina de António Gonçalves, em 1576, podemos ler, depois das 'Autorizações', "Ao muito illustre senhor dom LIONIS PEREIRA sobre o liuro que lhe offerece Pero de Magalhães: tercetos de Luis de Camões", um panegírico notório em que se exaltam as qualidades da obra e do seu autor. Acrescidamente, logo de seguida, pode ler-se um "Soneto do mesmo Autor ao senhor Dom Lionis, acerca da victoria que ouue contra elRey do Achem em Malaca"
Assim sendo, dúvida alguma nos pode restar sobre o facto de Gândavo ter solicitado a Camões o encargo de escrever os referidos tercetos e o soneto, revelando este uma admiração por aquele, digamos que em reciprocidade à que Gândavo, uns anos antes, tinha testemunhado por Camões, como atrás ficou explicitado.
Se bem que o tema já tenha sido tratado, e não podemos deixar de referir o estudo do saudoso Confrade Vasco Graça Moura sobre Camões e Gândavo, publicado em 2000, ocorreu-nos oportuno recordar esta possível amizade entre ambos os humanistas por ser nosso desejo dedicar o singelo bosquejo «In Memoriam» Joaquim Veríssimo Serrão, não menos saudoso Confrade recentemente desaparecido do nosso convívio, e quem, corria o ano de 1978, nos incentivou a conhecer as obras de Pero de Magalhães de Gândavo.
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Comunicação do académico Senhor João Almeida Flor, intitulada O Ensaio de A. Pope sobre a Crítica, na Tradução da Marquesa de Alorna (1812).
Resumo: Em 1812, a tradução portuguesa pela futura Marquesa de Alorna de Essay on Criticism, do autor inglês setecentista Alexander Pope, reflecte a transição dos paradigmas culturais do tardo-classicismo setecentista para a sensibilidade proto-romântica dos inícios do século XIX.
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