08 de Outubro - 15 horasComunicação do académico Senhor Michel Renaud, intitulada Justiça de Amartya Sen.
A comunicação intitulada «Justiça e Democracia» no Tratado A ideia de justiça de Amartya Sen prolonga a primeira apresentação deste livro realizada em Novembro de 2018 na Academia das Ciências. Desta vez, após uma recapitulação das primeiras partes do livro, tentar-se-á caracterizar a maneira como o autor, na última parte, aplica a sua teoria da escolha social à problemática dos direitos humanos e à democracia.
Comunicação do académico Senhor Carlos Ascenso André, intitulada Herculano, leitor de Ovídio desterrado.
Em 1831, Alexandre Herculano, envolvido em insurreição contra o absolutismo miguelista, fugiu para Inglaterra e ali ficou exilado até 1832 (alguns meses apenas). Data desse tempo a composição de “Tristezas do desterro”, um poema (poemas, melhor dizendo) que evoca no título a primeira obra do exílio de Ovídio, os Tristia. O poeta latino, exilado por edito imperial de Augusto, passou os últimos anos da sua vida nos confins do Império, em Tomos. As duas obras que compôs nesse período configuram aquilo a que pode chamar-se uma “poética do exílio”, seguida de perto por grande parte dos escritores exilados da história da literatura ocidental. Pranto, solidão, o papel contraditório da lembrança, a exacerbação das condições da terra de desterro (deserta, gélida, agreste, inóspita, bárbara), a comparação com outros exilados, como Ulisses, a debilidade progressiva do engenho, o enfraquecimento e a doença, a morte (retrato do exílio, ambição do exilado, mas também o seu pavor), eis alguns dos topoi, entre outros, que marcam essa literatura. O propósito deste trabalho é apontar a proximidade do poema de Herculano em relação a Ovídio, não apenas no título (quase a única marca de intertextualidade), mas sobretudo nos sentimentos, nas emoções, numa palavra, nos topoi.
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