Evocação de José Saramago no ano do centenário do seu nascimento.
1. Comunicação do académico Senhor Carlos Reis, intitulada Chamar trabalho à escrita: José Saramago ou o escritor sem inspiração.
Em “Chamar trabalho à escrita: José Saramago ou o escritor sem inspiração”, parte-se de posições adotadas pelo autor, quando refletiu sobre a composição das suas obras e sobre os procedimentos escriturais que elas implicaram. Acentuando uma atitude de desmistificação da noção de inspiração e dos rituais de encenação que ela implica, Saramago cultivou predominantemente uma conceção “laboral” da escrita literária. Tal atitude, para além de inscrita metaficcionalmente num dos seus romances, decorre, em certa medida, de posicionamentos ideológicos, mas foi também motivada pela natureza e pela temática de relatos que, sobretudo em certo momento da produção literária saramaguiana, careciam daquela atitude.
2. Comunicação do académico Senhor José Manuel Mendes, intitulada Histórias de um Cerco.
Alguns percursos pelos veios de construção, arrimo e atratividade de uma História, a do Cerco de Lisboa, em que as ferramentas autorais se abrem a um efeito de revelação e fascínio. O multiplicável dele ator, metaficção e adjacências não literárias numa leitura do texto de José Saramago.
3. Comunicação da Escritora Senhora D. Lídia Jorge, intitulada Saramago e as Letras Portuguesas.
Em 1983, aquando da atribuição da primeira edição do Grande Prémio da Associação Portuguesa de Escritores, que então galardoava Balada da Praia dos Cães e não O Memorial do Convento, deu-se um encontro marcante entre Saramago, José Cardoso Pires e Gabriel García Marques, então de passagem por Lisboa, encontro de que fui testemunha. A invocação das diferentes vertentes literárias que então se confrontavam, à distância de todos estes anos, permite sinalizar não só o lugar ocupado na ficção pelos dois escritores portugueses em questão como por outros importantes nomes de seus contemporâneos. E permite, sobretudo, compreender, por que razão Saramago se destacou como figura proeminente, entre nós e internacionalmente, acabando por ser galardoado com o Prémio Nobel da Literatura em 1998.